Faz tempo que devia a explicação do nome do Antonio. Pois bem...
São muitas as decisões que tomamos que vão impactar a vida de nosso filho, mesmo antes dele nascer. Basta pensar um pouco em nós, aliás, como exercício filosófico eu poderia pensar o que seria de mim se meu pai resolvesse não abandonar a roça em que nasceu e ir para cidade. Dificilmente conheceria minha mãe... Faltavam anos para eu nascer e essa decisão foi fundamental para a minha vida.
Uma outra que nos acompanha para o resto da existência é "o nome" e isso levamos da certidão de nascimento à de óbito.
Grande responsabilidade para os pais. Alguns dizem até que quando ficarmos sem nada ainda assim teremos nossos nomes.
Não sei ao certo qual a primeira vez que me dei conta de que me chamava Elerson, mas com o passar do tempo fui incorporando um sentido de unicidade (quantos Elerson você conhece?). Às vezes alguém me dizia já ter ouvido falar neste nome, mas pessoalmente só conheci um outro.
Com o advento da internet (principalmente do Skype e do Orkut) me coloquei a procurar outros "Elerson" por aí e descobri que, de fato, ter o mesmo nome nos levava aos mesmos "probleminhas" (dizer seu nome ao telefone, por exemplo) e também a esse sentimento de dar significado ao próprio nome, afinal, Pedro significa isso, Bruno significa aquilo, agora "Elerson"???
Em algum momento entre minha infância e adolescência veio a vontade de ter um filho com meu nome (na verdade é como se tivesse por missão ao nascer que transferisse adiante). Já nas primeiras namoradinhas falava sobre isso... Na juventude conversei seriamente sobre isso com umas três - por último com a D. Onça.
Fazia um lindo dia em Monte Sião-MG, sua terra-natal e já pensávamos em noivado, casamento, filhos, etc... Ainda hoje está lá o banquinho da praça. "Se for menino quero colocar o meu nome" ao que ela retrucou, "se menina, Marília". Fechou... Esse nome para menina me traz excelentes lembranças da UTI. Minha amiga Tânia de SP tem uma Marília (na época com uns 14 anos) que me deu muito apoio em momentos que sentia muito conforto. Só chorei naquele quarto cinco vezes (foram 53 dias), a última no momento da saída. Um desses momentos foi quando a Marília cantava minhas músicas preferidas.
Os anos se passaram e à medida que a hora de ter um bebê se aproximava o "Marília" continuava imbatível, mas "Elerson"... Pensei que tivesse amigos de verdade, mas não, não aparecia uma alma para me defender. Estava numa luta solitária.
Ao saber da gravidez a polêmica se reacendeu e eu já via vantagem se fosse menina pra não ter de re-discutir o nome, afinal, mesmo não querendo "Elerson Júnior" ela não sabia o que queria, mas um dia... Um dia ela me saiu com "Antonio", uma excelente jogada. É o nome de seu famoso avô materno e também do meu pai. Como é que eu explicaria para o meu velho (a quem tenho profunda admiração, respeito e amor) que preferi colocar meu nome em seu primeiro neto quando minha esposa sugeriu o dele?
Assim, sem argumento algum que me sustentasse, baixei a guarda e escrevi aquele post
"É um menino". Àquela altura nem ela sabia que eu havia cedido, meus pais também não. Foi uma surpresa para todos eles.
Assim, o pequeno Antonio terá um nome que homenageia seu avô paterno e bisavô materno. Certamente uma grande responsabilidade em dar significado a si próprio.
A mim, resta a esperança de que o Antonio tenha um irmão mais novo que se chame Elerson e que cuide dele, como se cuidasse de mim.
Os que me conhecem sabem que não vou passar a eternidade triste caso isso não aconteça, mas se acontecer ficarei muito feliz. Ouviu D. Onça?