quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tiros, dados e lembranças na chacina em Realengo

Muita coisa acontecendo nos temas em que tenho interesse, porém é impossível não citar o que aconteceu no Rio hoje, afinal, sei exatamente o que aquelas crianças passaram desde o momento em que  viram o sujeito levantar a amar, ouviram os tiros, sentiram dor e (as que puderam) saíram correndo à procura de socorro - podem ter certeza: jamais esquecerão (as que sobreviveram) cada detalhe desse. Eu não só não me esqueci, como também não há um só, nestes 2799 dias em que não tenha me lembrado do que me aconteceu.

Acredito que mais do que um evento a "americana", este episódio nos remete ao sentimento de pessoas próximas a ataques terroristas (e o Brasil "potência", palco de grandiosos eventos no futuro próximo, terá de se preocupar com isso).

Um ponto que também me chamou a atenção foi o impacto dos milhares de "bits" mobilizados em favor da informação. Os que viram os telejornais, mesmo o JN na Globo, puderam acompanhar dezenas de vídeos amadores retirados no YouTube, enquanto inúmeras mensagens recheavam as redes sociais e "vazavam" para a grande mídia. Em tempo real, de graça...
Em questão de minutos (e, se me permitem, de minuto-a-minuto) o mundo inteiro foi apresentado ao fato que rivalizou com um novo tremor forte no Japão.

Entre os textos que li, gostaria de dividir o que está lá no Blog do Josias:
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Vem daí, sobretudo, o frêmito de horror que eletrifica a nação. Isso era coisa de filme, era coisa de birutas norte-americanos, era coisa de Primeiro Mundo.
As chacinas brasileiras só ocorriam nos fundões da periferia. Os mortos eram estatísticas que a rotina confinou no rodapé das páginas de jornal.
O sangue que escorre na escola pública de Realengo é diferente. Poderia manchar o piso de escolas chiques de Higienópolis, de Ipanema, do Plano Piloto.
Nas velhas chacinas, o país assistia ao genocídio em conta-gotas como uma espécie de processo de auto-regulação da criminalidade e da pobreza.
A neochacina da escola violou a regra do jogo. Os cadáveres são palpáveis. Têm nome e sobrenome. São brasileiros como nós.
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Meus sentimentos às vítimas e suas famílias.

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