sábado, 27 de fevereiro de 2010

Bom 2010 e alguns riscos no Brasil - Bons tempos de aulas de Economia

Tive dois Professores de Economia que foram divisores de águas. O primeiro foi o Newton Bueno, ainda na Federal de Viçosa. Como estava numa turma específica de calouros do curso de Economia, seu empenho era de transmitir algo que servisse de base para toda a carreira deles. Fui avisado, como veterano da Engenharia, para alterar de turma para ter aquele feijão-com-arroz das curvas de demanda e oferta. Fiquei naquela turma e me dei bem. Até demais.

Já segunda, foi a Professora Virene Roxo, agora no MBA da FGV. Mais que Economia, ela ensina profissionalismo. Não ficou nenhuma área de fora nas poucas aulas que tivemos.

Lembrei destes Professores porque encontrei no Blog do Vinícius, no Folha Online, um grande resumo sobre contas do país, câmbio, juros e por aí vai para 2010. Não precisa ser economista para entendê-lo e aí está o grande mérito, mas ter tido Newton Bueno e Virene Roxo como professores faz muita diferença.


Bom 2010 e alguns riscos no Brasil


O consumo total no Brasil deve aumentar cerca de R$ 180 bilhões no biênio 2009-2010 _apenas o consumo do governo deve aumentar R$ 51,6 bilhões. Na soma dos dois anos, o investimento (em fábricas, equipamento, infraestrutura, habitação etc) terá diminuído em R$ 2 bilhões. A estimativa é da MB Associados, uma consultoria ponderada e que se ocupa bastante de minúcias da economia real. E daí?
Falta investimento
Daí que, obviamente, o consumo cresce mais do que o investimento. Não é necessário "casar" os números, claro. Mas a economia deve ter capacidade produtiva e infraestrutura suficientes de modo que a procura excessiva, a escassez, não faça com que os preços subam _que venha inflação. Vale lembrar que um país não consome apenas o que produz _importa bens e serviços do exterior, o que complementa as necessidades de consumo.
Porém, a fim de comprar mais é preciso ter moeda forte, dólares, para pagar as contas. Logo, é preciso exportar mais. Se há um descasamento muito grande entre exportações e importações durante muitos anos, pode haver problemas. Esse descasamento se chama "deficit em transações correntes". Se investidores e empresas estrangeiras investem mais aqui (em produção ou no mercado financeiro), esse deficit é "coberto", é financiado. Mas os estrangeiros se dispõe a colocar seu dinheiro aqui até um certo limite, um tanto impreciso.
Quando os investidores acham que um país consome demais, vive acima dos seus meios, pode começar a desconfiar que o país tem problemas e, num caso extremo, que um país pode se tornar incapaz de pagar suas contas. E param de trazer dinheiro para cá. É o que se chama de "crise externa". O dinheiro (dólares) começa a minguar ou foge. Há uma crise de pagamentos. O real se desvaloriza. O Brasil viu esse filme várias vezes, as mais recentes em 1998-99 (crise do real) e 2002 (crises várias mais o nervosismo do mercado com a eleição de Lula).
Longe de crise
Mas o Brasil está longe de ter uma crise como essas, claro (a não ser que ocorra algum tumulto grande lá fora). Há tempo para corrigir o rumo. O Banco Central vai elevar os juros em breve (em abril, talvez). A economia desacelera, cai o consumo no mercado doméstico, caem as importações. Para crescer mais, o país precisa aumentar a produtividade e a quantidade de investimentos na produção. Para fazê-lo, é preciso consumir menos. De preferência, o governo consumir menos.
Bom 2010, juros
Apesar desses riscos, o economista Sérgio Vale, que assina as análises econômicas da MB Associados, acredita em um ano muito bom. Crescimento de 6%, que poderia ir até a 7% caso o BC não elevasse os juros, o que provavelmente será mesmo necessário. A inflação deve fechar o ano em 4,7%, com tendência de alta. As vendas no comércio varejista devem crescer 8,6%, mais que o conjunto da economia. A taxa de desemprego deve ser uma das menores da história recente (desde o início da série nova de estatísticas do IBGE). Em 2009, a economia ficou estagnada _teria encolhido 0,1% na estimativa da MBA. O PIB do quarto trimestre do ano passado deve ter subido 4,7% em relação ao trimestre final de 2008.
Por que juros tão altos?
Por que a Selic (juros do BC) é tão alta e a inflação começa a apertar quando o PIB cresce algo além de 5%? Bem, a discussão rende tratados de economia e política. Mas os motivos mais consensuais e mais imediatos, alguns dos quais apontados por Vale, são:
1) A meta de inflação é muito alta ainda. A taxa de juro que realmente importa é a taxa real, isto é, juros descontados a inflação. Quanto mais alta a meta de inflação, ainda mais altos precisam ser os juros. Na conta de Vale, "para cada ponto percentual de inflação a taxa real de juros teria que subir mais de um ponto percentual";
2) Consumo excessivo, dada a capacidade produtiva da economia e as condições da infraestrutura (portos, estradas etc). Para "sobrar" mais para o investimento, seria necessário reduzir o consumo;
3) Indexação. Vários preços da economia ainda são corrigidos por lei ou por contratos, regularmente. Mesmo que o custo daquele serviço não tenha subido tanto como a taxa média de inflação, os preços são corrigidos para cima. Isso faz com que a inflação do passado sempre "reapareça" no nos preços futuros. Quanto menos indexada uma economia, menor a "inércia" (isto é, menos os reajustes do passado contaminam os preços do futuro);
4) "Tabelamento de juros". Várias taxas de juros da economia são "tabeladas", definidas pelo governo, e não sofrem o efeito das ações do Banco Central. Por exemplo, as taxas de juros subsidiadas de bancos públicos. Como essas taxas "não se mexem" quando o BC eleva ou reduz os juros, é preciso pisar mais fundo no acelerador, aumentar mais os juros básicos, para compensar o efeito da imobilidade das taxas "tabeladas".
Sim, há mais problemas. Mas este é um mero blog. A discussão rende tratados. Esses são alguns dos problemas mais imediatos e, em tese, mais fáceis de resolver. E, note-se, estamos falando aqui apenas dos "juros básicos", a Selic, a taxa sobre a qual o BC tem influência. Os juros na praça, para o consumidor, são outra história, provavelmente muito mais enrolada.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Gary Hamel: Deconstructing Apple — Part I

Cópia de um e-mail que deixei numa lista de discussão que faço parte com Professores (assim, com letras maiúsculas) da FGV.


Acabei de ler um excelente artigo no Blog do Gary Hamel sobre a Apple e o iPad. Excelente não só porque foi escrito por "ele" (o cara é bom, muito bom), mas tmb por levantar pontos que estavam sendo discutidos aqui na nossa lista, acrescentando seu ponto de vista e levando o leitor à reflexão.
Enquanto lia ia me lembrando das mensagens trocadas entre os professores, por isso resolvi trazer pra cá. Vejam que ao final ele nos prepara para "Parte 2", mais que isso, deixa perguntas no ar que podem ser aproveitadas  na nossa discussão e em salas de aula. Em seguida vem algo de valor inestimável, que só a tecnologia pode nos proporcionar: atentem para a área de comentários. Pessoas de todo o planeta dando sua contribuição, ali tão perto do Professor Hamel, mostrando opiniões divergentes que enriquecem o que ele tentou transmitir. Vale a pena e vou deixar um pedacinho aqui para incentivá-los: (vão lá, cliquem aqui.)

There are many in the blogosphere who are betting against the iPad. Much of the skepticism seems to be a visceral reaction to Apple’s recent triumphs. Apparently it is easier to tolerate jaunty immodesty when a company is a struggling also-ran and not a high-tech juggernaut. Yet despite the alleged shortcomings of the iPad (no camera, no Java, no Flash, no stylus), you’d have to be at least a tiny bit stupid to bet against Apple.
Over the past decade, the pride of Cupertino has produced a mind-boggling parade of accomplishments.
– Having been dismissed as a footnote in the personal computer industry, Apple is now the market leader in computers costing more than $1,000. In one recent month, its market share in this segment exceeded 90%. ii
– Though it was a late entrant into the mobile phone business, Apple currently makes more money from roughly 3% of the global handset market than Nokia makes from more than 30%. iii
– Within six years of launching its online music store in 2003, Apple had become the world’s largest music retailer. iv
– Apple’s first physical store opened in 2001. Five years later, Apple’s sparse, elegant shops were generating four times more revenue per square foot than its big box competitors,v and its Fifth Avenue store in New York is thought to be the most profitable retail outlet in the world.vi
– At $180 billion, Apple’s market value is currently three and half times that of Nokia, and more than 60% higher than Hewlett-Packard’s—a company with three times Apple’s revenue.

Elerson Nilseler Nogueira
Skype: elerson

Olímpiadas e Copa do Mundo: Aviso de Vancouver

Tem muita gente empolgada com a sucessão dos eventos esportivos que teremos aqui no país. Eu ainda não comprei a ideia.
Não que não seja bom para o Rio ou para Brasil. O problema é que depois do que aconteceu no Pan de Santo Domingo, no do Rio e pelo visto, o que caminha para acontecer na África do Sul, fica difícil acreditar que um país em desenvolvimento consiga levar a coisa a sério. Retiremos a China desse bolo, afinal, nesse caso temos um emergente muito peculiar.

Eventos dessa natureza requerem dois itens em grandes quantidades que me impedem de sonhar alto: planejamento e dinheiro. Todo mundo sabe que faltaram os dois no Pan do Rio (na verdade o buraco aberto na contas do evento sobrou para nós contribuintes) e que, pelo andar carroagem, faltarão quando a hora chegar.

No NY Times de hoje há um recado para nós brasileiros. Vejam abaixo...


A $1 Billion Hangover From an Olympic Party

...
As for Vancouver’s municipal government and the taxpayers, the bad news is already in. The immediate Olympic legacy for this city of 580,000 people is a nearly $1 billion debt from bailing out the Olympic Village development. Beyond that, people in Vancouver and British Columbia have already seen cuts in services like education, health care and arts financing from their provincial government, which is stuck with many other Olympics-related costs. Many people, including Mrs. Lombardi, expect that more will follow.
...

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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Oportunidade para Contadores

Conversava hoje com meu amigo Jairo Guimarães e ele me informou que a empresa onde trabalha, uma multinacional nas áreas de Mineração, Oil & Gas e Siderurgia, está precisando de Senior Accountant. Alguém se habilita? Lembro-me que na época em que escrevi sobre o IFRS estabeleci alguns contatos com contadores, quem sabe?...

Local de Trabalho - Botafogo, Rio de Janeiro.
Contato: guimaraes.jairo@hotmail.com
Posição: Sr. Accountant
  
Responsabilidades:
- Coordenar equipes contábil e fiscal;
- Elaborar, coordenar e consolidar as Demonstrações Financeiras em IFRS, USGAAP;
- Atendimento auditoria (interna e externa) e fiscalização;
- Coordenar os trabalhos de Planejamento Tributário com regime no Lucro Real;
- Gerar Balanços, Demonstrativos de Resultados, DOAR e Mutação Patrimonial anuais, em atendimento à legislação;
- Registro de livros fiscais e contábeis;
- Escrituração de todos os documentos fiscais, efetuando a apuração e a preparação das guias de recolhimento de tributos indiretos (PIS, COFINS, ICMS e ISS);
- Elaborar Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) e demais obrigações acessórias exigidas pela Secretaria da Receita Federal;
- Elaborar e entregar declarações mensais e anuais e demais solicitações dos órgãos de fiscalização.
                                               
Formação:
- Profissional formado em Ciências Contábeis (CRC ativo), com experiência mínima de 05 anos em empresas multinacionais;
- Sólidos conhecimentos em USGAAP/IFRS e alterações da Lei 11.638;
- Vivencia como usuário de ERPs como ferramenta de trabalho;
- Experiência em gestão de pessoas e bom relacionamento interpessoal;
- Inglês fluente e/ou no mínimo em nível avançado;

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Onde investir em 2010? A Revista EXAME dá preciosas dicas...

Minhas revistas ainda começaram chegar no novo endereço, por isso vou me virando na internet.
A matéria de capa da EXAME desta quinzena é um tema tradicional. Todos os anos, nesta época, ele aparece: onde investir até dezembro.
Mais do que dicas para fazer isso ou aquilo com o seu dinheiro, a publicação é rica na descrição da situação econômica atual e por isso já merece crédito. Desta vez ele ainda incluíram que já havia me passado pela cabeça: as dicas que eles deram no passado foram boas ou não? Acertaram mais do que erraram? Parece que sim...
Há outra novidade que já vi circulando em ônibus entre Macaé-Rio e também em aviões: uma versão da revista em Inglês. Sinal de que o interesse estrangeiro pelo Brasil foi percebido pela Editora Abril, que se mexeu nessa direção. Sorte a dos gringos. Terão uma excelente fonte de informações para planejar e tocar seus negócios por aqui.

A figura abaixo dá um mostra do que temos nesta edição, que pode ser acessada aqui.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Microsoft anuncia Windows phone para enfrentar a rival Apple

Do Portal G1 - Tecnologia


Windows Mobile 6.5 com aplicativos e serviços chega em novembro.
Fabricantes como Samsung, HTC e LG vão oferecer a novidade.




A Microsoft anunciou nesta terça-feira (6) o Windows phone, que vai integrar as funcionalidades do Windows, com o objetivo de concorrer com o iPhone, da Apple. Produzidos por outros fabricantes, esses celulares vão integrar o sistema operacional Windows Mobile 6.5 com uma loja de aplicativos (Windows Market Place for Mobile) e um serviço que permite fazer backup e transferir dados do telefone para a web (Microsoft My Phone). Os modelos devem chegar ao Brasil em novembro, pela operadora TIM, que terá exclusividade na comercialização do Windows phone até o final do ano.

Os primeiros celulares comercializados no país pela TIM com essa plataforma são o Omnia II, da Samsung, o Touch 2, da HTC, e o GW 550, da LG. Os aparelhos custarão entre R$ 1.200 e R$ 2 mil no modelo pré-pago. No pós-pago, os valores dependerão do plano contratado pelo consumidor.

“Consideramos um ‘conceito’ que se materializa”, disse Michel Levy, o presidente da Microsoft Brasil.

De acordo com a Microsoft, os usuários do Windows phone poderão usar, por exemplo, o serviço Windows Live para divulgar fotos no Twitter ou no Facebook, navegar na internet com o Internet Explorer, sincronizar contas de e-mail pelo Outlook e pelo Exchange e editar documentos do Office, além de acessar arquivos multimídia do Windows Media Player.

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Mais rápido que o flash

Revista VEJA

O Google anuncia a construção de uma rede de banda larga ultrarrápida, 500 vezes mais veloz que a conexão usada no Brasil. Com a investida, a empresa tenta assumir a liderança na corrida pela internet do futuro


Começa a ficar repetitivo. Na semana passada, o Google anunciou, outra vez, o lançamento de mais um produto que promete transformar a indústria de tecnologia: uma conexão de internet ultrarrápida. A proposta é oferecer uma rede de banda larga cuja velocidade de transmissão de dados seja de 1 gigabit por segundo (Gbps) – 100 vezes a velocidade das conexões por fibra óptica existentes hoje nos Estados Unidos e 500 vezes a velocidade com que os brasileiros navegam na internet. A princípio, a novidade será experimental e beneficiará um pequeno número de cidades. "Planejamos disponibilizar o serviço a um preço competitivo a até 500.000 pessoas e empresas", afirmou James Kelly, coordenador do projeto no Google. Esse promete ser o primeiro grande passo da companhia fora do mundo virtual. Até então, a maioria dos avanços do Google ocorreu diretamente no campo dos programas para computador e serviços on-line.

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domingo, 7 de fevereiro de 2010

Artigo de FHC - Começa o aquecimento

Meu gosto pela Economia me arrasta para tentar entender a Política e os seus cenários.
Por algumas vezes aqui no Blog deixei meus comentários sempre ressaltando que respeitando as demais e mais uma vez farei algo do tipo. O texto abaixo é um mix do Blog do Augusto Nunes na VEJA com o artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para o Estadão. Aliás, vou aproveitar que estou falando de Economia e Política para sugerir um outro texto, este de Reinaldo Azevedo que lá pelas tanta diz assim: "No auge da honestidade, (Mantega) seria obrigado a admitir que o Brasil, no governo FHC, cresceu a uma taxa superior à média mundial; no governo Lula, inferior".Leia aqui o A CONFISSÃO DE UMA MENTIRA HISTÓRICA: PROFESSOR DE HARVARD FAZ MANTEGA ADMITIR EM DAVOS QUE LULA TEVE UM BOM ANTECESSOR. OU AINDA: PRESIDENTE É VENDEDOR DE SALSICHA?




SEÇÃO » Direto ao Ponto

Leitura indispensável: um grande artigo de Fernando Henrique

7 de fevereiro de 2010
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou na página 2 do Estadão de hoje outro artigo luminoso. Parece extenso. Chega-se ao ponto final em três minutos querendo mais. Para que o pessoal da coluna saboreie o quanto antes um texto que melhora o domingo de todos os brasileiros com mais de 15 neurônios, deixo para dizer em outro post o que achei da leitura. Não percam. E comentem.
SEM MEDO DO PASSADO
Fernando Henrique Cardoso
O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária, distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que se a oposição ganhar será o caos. Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse “o Estado sou eu”. Lula dirá, o Brasil sou eu! Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.
Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?
A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês…). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições. Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.
Na campanha haverá um mote – o governo do PSDB foi “neoliberal” – e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social. Os dados dizem outra coisa. Mas os dados, ora os dados… O que conta é repetir a versão conveniente. Há três semanas Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal. Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.
Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país. Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.
Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de “bravata” do PT e dele próprio. Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI – com aval de Lula, diga-se – para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte. Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.
Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto “neoliberalismo” peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista. Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010. “Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha 6 milhões de barris de reservas. Dez anos depois, produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela”.
O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia. Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo. De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.
Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa-Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para Estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo. O Bolsa-Escola atingiu cerca de 5 milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras 6 milhões, já com o nome de Bolsa-Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.
É mentira, portanto, dizer que o PSDB “não olhou para o social”. Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa “Toda Criança na Escola” trouxe para o Ensino Fundamental quase 100% das crianças de sete a 14 anos. Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de 3 milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).
Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Economia americana durante a folga

Aproveito um momento de folga do Polar Queen (onde tenho aprendido muito) para visitar meus pais e navegar na excelente internet fornecida pela GVT em Vitória. O plano é de 10Mb e já medi 6 o que dá 10 vezes mais do que tenho, por um preço semelhante. A pergunta agora é quando que a GVT vai chegar em Macaé? Fibra ótica já!

No meio da navegação encontrei um artigo interessante no Alleyinsider com o seguinte título, numa tradução livre: "20 razões porque a economia americana está morrendo e não vai se recuperar". Vejam abaixo:

Even though the U.S. financial system nearly experienced a total meltdown in late 2008, the truth is that most Americans simply have no idea what is happening to the U.S. economy. Most people seem to think that the nasty little recession that we have just been through is almost over and that we will be experiencing another time of economic growth and prosperity very shortly.



But this time around that is not the case. The reality is that we are being sucked into an economic black hole from which the U.S. economy will never fully recover.


The problem is debt. Collectively, the U.S. government, the state governments, corporate America and American consumers have accumulated the biggest mountain of debt in the history of the world. Our massive debt binge has financed our tremendous growth and prosperity over the last couple of decades, but now the day of reckoning is here.


And it is going to be painful.