domingo, 15 de junho de 2014

Inflação: memórias e constatações

Minha irmã nasceu em 88 (acredito que não ficará chateada em revelar sua idade)... Ela diz se lembrar vagamente do que era inflação alta.
Eu sim, lembro-me muito bem do que é ficar em filas para comprar carne, óleo de soja, açúcar e por aí vai. Lembro da sensação causada por aquela musiquinha da Globo para anunciar notícias de última hora: aumento de combustível, corte de 3(!) zeros na moeda, Plano "Isso", Plano "Aquilo". Ministro após Ministro, todos caindo, um a um...
Sou velho o suficiente para dizer que no meu primeiro emprego (na verdade estágio) era beneficiado pelo "gatilho salarial". Saía da Prefeitura de Vitória para a churrascaria ao lado todas as vezes que o gatilho era disparado. No mês seguinte, sem chance... Dois meses depois, nem se fala...

Estas memórias me vieram à mente ao ler uma nota no site da Folha dizendo que a inflação (média) acumulada nestes 20 anos de Plano Real é menor que a dos 5 meses anteriores ao plano. É isto mesmo: o que a inflação subia naquela época, em 5 meses, é  perto do dobro do que tivemos em 20 anos.
Por curiosidade fui até o Portal de Finanças para dar uma geral nos números e deixo abaixo imagens que valem mais que palavras. Mantive o mesmo padrão para facilitar as comparações (Inflação acumulada em 12 meses):

IPCA Dez/93-Mai/14 ("indúbito" sucesso)


IPCA Jun/95-Mai/14 (para isolar o efeito do plano)


IPCA Mai/07-Mai/14 (a crise leva a adoção das medidas "anticíclicas" e a tolerância com inflação ganha espaço no governo. Mantega assumiu em Março de 2006 não pela crise, mas pela queda de Palocci)


IPCA Jan/11-Mai/14 (a era Dilma é marcada por Inflação acima do centro da meta - apesar do baixo crescimento)

Além dos números, achei interessante (porque lembrei-me) procurar por vídeos da época em que o PT ficou contra o Plano Real. Achei um em que os comentários não correspondem exatamente ao que penso, mas a montagem é boa.
Não deixa de ser curioso: Lula disse, aos 1m02s, que se deveria olhar para o longo prazo e ver se a Economia brasileira "resistiria". Por melhor das graças não ganhou aquela eleição e amadureceu o suficiente para não alterar os fundamentos que levaram ao sucesso da empreitada. Uma pena a sua sucessora não ter tido a mesma visão...


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