sábado, 27 de outubro de 2007

DIAS AGITADOS 2/3

Cheguei ao trabalho na sexta pela manhã sob o impacto do rastro de destruição pela cidade, mas no restante do mundo corporativo (principalmente a veia financeira) a bola da vez era o IPO (oferta inicial de acões) da BOVESPA. Foram inacreditáveis 52% de ganho no primeiro dia! Abaixo seguem alguns comentários do já conhecido por aqui, Cláudio Gradilone, jornalista e economista da Revista Exame:

"A abertura de capital da Bolsa de Valores de São Paulo está sendo a maior abertura de capital de uma bolsa na história do mercado acionário mundial. No melhor momento do dia até agora, as ações cravaram uma valorização de 53%. Lançadas a 23 reais, elas chegaram a ser negociadas a um máximo de 35,20 reais. A euforia foi tão grande que levou o Ìndice Bovespa à maior marca de sua história, superando 64 000 pontos.

O evento de abertura foi uma festa, com direito a discursos emocionados dos principais executivos da Bolsa e grande divulgação na imprensa. Foi um sucesso de crítica e de público, e as ações deverão continuar sendo um dos destaques do pregão. Os especialistas acreditam em algumas quedas nos próximos dias quando passar a euforia dos compradores de primeira viagem e quando as corretoras de valores venderem todas as ações que receberam em troca das cartas-patente que possuíam.

E depois? "Depois, a Bolsa vai ser uma empresa concorrendo em um mercado em expansão", diz um profissional que conhece bem o setor. A Bovespa é uma empresa que enche de água a boca de qualquer investidor: tem um monopólio de operações em um mercado em expansão, não tem concorrentes diretos e pode ter seu controle adquirido por algum grande concorrente internacional, como a Bolsa de Nova York, Chicago, Londres, Cingapura ou Xangai.

Claro, não há apenas pontos positivos. Com a abertura de capital, a Bolsa perdeu um importante ativo intangível: o poder de veto sobre iniciativas de outros mercados - leia-se Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). "Agora, nada impede que a BM&F lance um mercado de ações para concorrer com a Bovespa", diz um banqueiro de investimentos. Sua conclusão: o caminho não será tão suave para a Bolsa no futuro.

Então as ações são ruins? Longe disso: os papéis da Bovespa deve firmar-se como um dos principais títulos do mercado em breve, e as apostas são de que eles deverão ter uma liquidez tão elevada que devem integrar a próxima carteira teórica do ìndice Bovespa. Mesmo assim, como toda empresa nova de um setor estreante no mercado, a Bovespa estréia na Bovespa com o desafio de deixar de ser uma instituição - um clube de corretoras - para tornar-se uma empresa que precisa gerar resultados e tem acionistas e, principalmente, concorrentes.

É uma boa ação: mas, como todo papel de uma empresa nova, sujeito a solavancos. E a recomendação é atenção às oscilações de preço."


Não foram só as ações da BOVESPA que subiram forte. O mercado, no geral, também disparou. Petrobras e Vale, as ações mais negociadas do Brasil subiram em torno de 3% e 5%, respectivamente. O dólar deu mais um mergulho e o índice BOVESPA atingiu um novo recorde. Tem muita gente ganhando dinheiro com isso... Muito mesmo.
O mercado já esqueceu 2007. Esse ano já acabou pra ele. O que tinha de dar, já deu... O fato é que toda movimentação é dada em cima de perspectivas futuras e nesse ponto 2008 parece despontar como mais um bom ano para os investidores no Brasil.

Nenhum comentário: