domingo, 7 de dezembro de 2008

O último inverno de Detroit?


O assunto do final de semana e que, certamente, continuará rendendo discussões, é a ajuda pretendida pelas Big Three (referência as "maiores" montadoras americanas, GM, Ford e Chrysler). Está na capa da Time e é destaque no MarketWatch.com.
O acordo está próximo, mas o que impressiona, além dos valores, que vão de 17 a 34 bilhões de dólares, é a incrível capacidade de não aprender com os próprios erros.
A perda de mercado das três vem acontecendo sistematicamente há anos. Mudavam algumas coisas pra continuar exatamente como estavam... Já comentei isso recentemente.
Por mais que o jeitão Toyota de ser esteja escancarado (eles convidam clientes, fornecedores e até concorrentes para conhecer suas fábricas) eles não foram capazes de se adaptar. Um grande exemplo disso, talvez o maior, é o descrito pela matéria na Time.
Em 1984 a GM e a montadora japonesa se juntaram numa parceria em que a primeira cederia uma fábrica de motores (a pior deles) e a Toyota entraria com seu sistema de gestão.
Em pouco tempo a fábrica se tornou uma das melhores da GM no mundo! Acompanhe comigo: mesmo equipamento, mesmas pessoas, gestão Toyota.
Uma peregrinação foi organizada para que a alta administração da GM pudesse constatar o milagre e nem todos perceberam o que deveria se tornar o padrão para a indústria. Não era a tecnologia. A Toyota havia transformado os trabalhadores em parte integral de um sistema de melhorias. Eles eram mais que pernas e braços...
Entender como funcionava era a parte fácil, o difícil era alinhar todos os funcionários rumo à excelencia, o que só se conseguiu depositando uma confiança sem precedentes pra eles (o que chamamos hoje de "empowerment"). E isso, o sistema altamente hierárquico, não só da GM, mas da maioria da indústria americana (baseada nos tempos de Ford e Taylor), não foi capaz de assimilar.

Agora, muita gente já não compra da GM pelo simples fato de não saber se ela ainda existirá quando for preciso realizar as revisões de seus veículos.
Enquanto no Congresso brasileiro o expediente, quando muito, vai de terça à quinta, lá, o expediente entra sábado e domingo direto... Motivo pra isso, eles têm de sobra - não que o nosso não tenha.

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