quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Espelho da Petrobras - Quem ia querer largar o osso?


Enquanto estou digitando há muitas figuras lá em Brasília decidindo o futuro do pré-sal (aqueles bilhões de barris de petróleo esperando pra ser utilizados). Querem criar uma espelho, uma segunda, Petrobras. Em minha opinião seria uma espécie de punição àquela que é a maior responsável pela descoberta e por criar os meios de vencer tamanho desafio de explorar campos em águas conhecidas como ultra-profundas.
Como sempre uma desculpa esfarrapada: melhorar a arrecadação para investir na educação... Fala sério!? Pra onde vai dinheiro que se arrecada hoje? Já não seria o suficiente pra melhorar algo?
Se o objetivo fosse só arrecadação bastaria aumentar os royalties sobre a exploração na área. Seria uma choradeira, mas teria mais lógica... O que querem é cargos, cargos e cargos. É evidente, o ministro Lobão entende pouco do setor de energia, mas o PMDB tem um longo histórico na pasta e sabe que dá pra ficar com alguma coisinha. Dia desses li que se a Vale não tivesse sido privatizada veríamos até hoje políticos PMDebistas se apunhalando por diretorias (na versão real do movimento "A Vale é nossa!"). Acho que vi isso no Blog do investido e vou colocar o texto do Cláudio Gradiloni aqui embaixo...

Presente de grego para os papais investidores

Domingão, dia dos Pais, e Brasília deveria mudar seu nome para Atenas, pois prepara um presente de grego para todos os papais que compraram ações da Petrobras. A manchete deste domingo da Folha de São Paulo indica que prosperam nessa entidade mítica chamada governo as discussões para retirar da Petrobras os direitos sobre as jazidas de petróleo da chamada área de pré-sal.
Recapitulando, para quem chegou agora: no início do ano, as ações da Petrobras dispararam no mercado devido a descobertas de jazidas de bilhões de barris de petróleo. As estimativas para as novas jazidas oscilam entre oito e trinta bilhões de barris. Suficiente para levar o Brasil à quarta posição na classificação mundial do petróleo e para garantir uma presença brasileira na Opep.
Para pessoas da minha geração, que conviveram com postos de gasolina fechados nos fins de semana para reduzir o consumo de gasolina, essa notícia é incrível. Não por acaso, as ações da Petrobras dispararam no mercado e sustentaram a alta da Bolsa de Valores de São Paulo no primeiro semestre.
Só há dois probleminhas. O primeiro é que esse petróleo está muito no fundo do mar, e por isso sua exploração é cara. O segundo é que tanto óleo dando sopa atrai a cobiça dentro e fora do país. A movimentação nos bastidores têm sido intensa para criar uma empresa responsável apenas pelas jazidas do pré-sal e deixar a Petrobras apenas com a prospecção, refino e distribuição. Essa parece ser a tese vencedora, mas nessa área tudo pode mudar.
Do ponto de vista do país, não há grandes diferenças. O petróleo do pré-sal continuará lá no pré-sal, não importando quem diga que tem o direito de explorá-lo aqui em cima. Já para os papais que investiram na Petrobras, isso faz toda a diferença. Espera-se que as ações abram em baixa nesta segunda-feira, dia 11 de agosto. Afinal, os papéis subiram na expectativa de que esse petróleo seria da Petrobras.
Há mais um problema nisso. Criar uma nova estatal quer dizer criar mais barulho pela disputa de cargos. Mais uma estatal quer dizer mais politicagem, não mais prosperidade.
Parece que eu estou sendo implicante, mas se a Vale do Rio Doce não tivesse sido privatizada em 1997, ainda estaríamos vendo políticos do PMBD e do PT cravarem lâminas de variados tamanhos nas costas uns dos outros para ver quem indicaria o diretor de mineração da Vale.
Hoje, privatizada, a Vale pode tanto acertar quanto errar (e a recente queda das ações mostra que os investidores não estão satisfeitos com a estratégia recente de fazer caixa e esperar aquisições), mas imagina-se que todas as decisões sejam tomadas com base na idéia de que é preciso criar valor e remunerar os acionistas. Não há garantias de que isso ocorra com as ações da Petrobras.
A conferir.

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