Eu também fui e sou grande admirador do trabalho do Professor Roberto Campos, por isso publico abaixo a íntegra de um post do Cláudio Gradilone no Blog do Investidor...
O falecido economista e deputado Roberto Campos (1917-2001) sempre foi um acadêmico e político a serviço das visões de mundo mais conservadoras. Ministro do planejamento durante o início da ditadura militar, Campos - ao lado do economista Octávio Gouveia de Bulhões - estabilizou o país e preparou o surto de crescimento dos anos 70. Para isso, ele seguiu o receituário clássico: cortar salários, elevar impostos e sanear as finanças.
Campos era um homem de opiniões fortes, que era amado e odiado (eu estive no coro dos que vaiavam durante muitos anos, depois aprendi a respeitar seu trabalho, mesmo discordando). Um de seus aspectos mais irritantes era a ironia demolidora. Debater com Campos era impossível, e não havia jornalista capaz de deixa-lo em cheque.
Por que esse momento de reminiscências? Porque Campos, no fim da vida, era um dos maiores entusiastas do processo de privatização e tinha pouquíssima paciência com propostas de criação de estatais. Ele apelidou a finada Telebrás, que monopolizava a telefonia brasileira, de Telessauro e a Eletrobrás era a Eletrossauro.
Campos passou desta para a melhor, a Petrobras ganhou eficiência, mas Brasília continua fornecendo vasto material para as ironias que Campos deve estar esgrimindo com seus colegas no Além.
A proposta da nova estatal do petróleo, já apelidada de Petrosal, deve prosperar no governo. A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, brandiu o primeiro argumento populista nesta sexta-feira, dia 15 de agosto: o dinheiro do pré-sal vai para educar as criancinhas brasileiras.
Tendo em vista o sabor nostálgico desse debate, em que o governo acha que os problemas se resolvem com mais governo, eu gostaria de fazer uma rápida e singela homenagem a Roberto Campos.
Continuo tendo minhas críticas ao professor (não perdôo quem trabalhou para os generais sanguinários), mas acho que essa homenagem não é descabida. Vamos combinar que, a partir de agora, só chamaremos a Petrosal de Petrossauro?
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