quinta-feira, 10 de maio de 2007

O sucesso da Toyota vai continuar?


E segue a discussão sobre a Toyota. Mais uma matéria pra eu basear minha análise para um post próprio.

"Por José Roberto Ferro

A vantagem operacional que a empresa conseguiu sobre seus principais oponentes nos leva a crer que a tendência futura é a ampliação da liderança da Toyota em escala mundial.

As outras montadoras não têm ainda a menor condição de competir com a Toyota. A GM teve diversas oportunidades de aprendizado, mas focalizou-se apenas nas ferramentas, sem entender o significado profundo do novo sistema de gestão da Toyota. Ainda está apegada aos métodos e modelos mentais desenvolvidos por Alfred Sloan, o criador da GM. Apesar de um sucesso parcial na manufatura, as outras áreas fundamentais do negócio pouco aprenderam com a Toyota.

A terceira maior montadora, a Ford, ainda não conseguiu reverter seu circulo vicioso de perda de mercado, redução de capacidade, demissões etc. O sucesso de um ou outro produto não foi capaz, ainda, de tirar a empresa de sua tendência declinante.

Por sua vez, a VW, caso passe a ser administrada por Wiedking, atual presidente da Porsche, pode eventualmente fazer uma grande reviravolta e sair de uma situação onde o foco é a política interna para orientar-se mais para os clientes.

No bloco intermediário de montadoras não há nenhuma empresa que possa ameaçar o domínio da Toyota, nem mesmo a Nissan-Renault que já perdeu seu "glamour" na medida em que ficou evidente que os bons resultados conquistados nos últimos anos resultaram fundamentalmente de apertos nos fornecedores e alguns produtos de sucesso.

Talvez, a única empresa que possa derrotar a Toyota seja a própria Toyota. Ou seja, a empresa pode retroceder ao passado da produção em massa e tornar-se igual às outras montadoras, perdendo seu dinamismo. A parte mais fácil é ensinar aos gerentes as ferramentas da produção, do desenvolvimento de produtos, das vendas e dos fornecedores. Isso dificilmente deixará de acontecer como até é possível que outras montadoras aprendam estes elementos do sistema de gestão.

Mas o que a Toyota pode não fazer com tanta eficácia no futuro é o sistema único de desdobramento de metas que vai de cima para baixo e de baixo para cima (nemawashi), a solução de problemas e o pensamento A3, o genchi genbustsu, assim como o trabalho padronizado e a melhoria contínua. Se a empresa se acomodar e tornar-se arrogante, exatamente o contrário do que tem sido até hoje, vai abrir espaço para uma efetiva competição.

Torcemos muito para que não aconteça isso. Seria uma grande derrota para o movimento lean em todo o mundo. O que queremos é que efetivamente surjam reais competidores para a Toyota. Seria bom para os consumidores, para a indústria automobilística, para as outras montadoras e bom também para a própria Toyota que assim teria um desafio para manter-se continuamente inovando."

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